Gestão Esportiva em Xeque
Enquanto o futebol brasileiro afunda em dívidas, NBA ensina como vencer com gestão eficiente
André Lara
6/4/20252 min read


Em 2024, os clubes da Série A do futebol brasileiro bateram recorde de faturamento, ultrapassando os R$ 10,2 bilhões. No entanto, o que poderia ser motivo de celebração se transformou em alerta, uma vez que as dívidas saltaram 23% em relação ao ano anterior, atingindo R$14,6 bilhões.
O Corinthians lidera essa estatística com R$ 2,34 bilhões em dívidas, seguido por Atlético-MG, Cruzeiro e São Paulo. O que esses números escancaram é o retrato de uma crise silenciosa causada por anos de má gestão, salários fora da realidade e ausência de planejamento financeiro.
Enquanto isso, do outro lado do continente, a NBA deu uma aula de como combinar gestão e performance esportiva. As finais de 2025, disputadas entre Indiana Pacers e Oklahoma City Thunder, são protagonizadas pelos dois times com folhas salariais bem abaixo dos padrões da liga.
Enquanto o Pacers ocupa a 18ª posição, o Oklahoma tem a 25ª folha salarial entre as 30 franquias. Isso significa que nenhuma das equipes ultrapassou a barreira da luxury tax (imposto cobrado por excesso de gastos), a primeira vez nos últimos 20 anos que isso acontece.
O Thunder, por exemplo, construiu sua campanha finalista apostando em jovens talentos desenvolvidos internamente, como Chet Holmgren, e em trocas estratégicas como a que trouxe Shai Gilgeous-Alexander, atual MVP da temporada. Do outro lado, os Pacers reinventaram seu elenco em torno de Tyrese Haliburton, também adquirido por troca, mantendo uma estrutura de gastos enxuta e eficiente.
No Brasil, o reflexo ainda é de um modelo onde o "futebol se resolve no campo", ignorando que, fora dele, as decisões são ainda mais determinantes. A cultura do imediatismo, as eleições políticas nos clubes e a falta de governança continuam levando instituições de renome ao colapso financeiro.
É interessante que o futebol brasileiro se inspire em modelos como o da NBA. Com as SAFs, o controle de gastos, valorização da base e foco no desempenho sustentável são os elementos que podem contornar a crise vivida no esporte mais popular do país.
Afinal, o sucesso financeiro e esportivo não são opostos, e sim complementares.